domingo, 6 de maio de 2012

Portas abertas

     "Portas se abrem dos dois lados".
     Essa frase ficou martelando na minha cabeça desde que a escutei. Então, como uma goteira insistente, essa afirmação ficou pingando situações, lembranças, pensamentos... Enfim, vou tentar externar o que essa  goteira resultou.
     Desde que nos entendemos como gente, estamos entrando e saindo de muitos lugares. São coisas indissociáveis: entrar e sair, subir e descer, fechar e abrir... E quando se fala em portas, imagine: sempre existe o outro lado da porta! Como ninguém pensa nisso? Ou será que pensa? Talvez ninguém pense na complexidade de uma porta, costumamos comparar "pessoas burras" às portas, o que de nuas, nada têm, já dizia Vinícius de Moraes.
     Mas, nas minhas reflexões, pensei nas portas que abrimos com as relações pessoais, de todos os tipos. Sempre abrimos uma porta. Seja através de um sorriso, um olhar, um toque, uma palavra... A partir daí, as relações se estabelecem. Algumas portas permanecem abertas por muito tempo... outras nós fechamos ou nos são fechadas. (Isso é assunto para uma próxima vez...)
     Algumas portas estão há tanto tempo fechadas, que os ferrolhos já estão enferrujados. São portas difíceis de abrir... Depende da nossa vontade e da vontade de quem está do outro lado querendo entrar. Você puxa, o outro empurra. Juntos, conseguirão abrir a porta. Falo por experiência. Eu mantive um porta fechada em mim por muitos anos... Se não fosse a insistência de quem estava do outro lado, eu não teria forças para abrir a porta sozinha. Aí está o X da questão: Ninguém abre uma porta sem motivo: seja para sair, entrar ou permitir que alguém entre...
     Mas a vida é cheia de surpresas... Sabe aqueles programas de auditório em que o participante tem que escolher uma porta para abrir, sem saber o que está atrás dela? Pois é... algumas vezes nos arriscamos desse jeito. E a "surpresa" pode não ser tão agradável assim. Você abre aquela porta, segue por aquele caminho e, em dado momento, você se encontra numa situação de total abandono, desespero e solidão... Deseja voltar e se dá conta do longo caminho de volta. E como dói voltar... O sentimento de frustração é inexplicável. Só sabe quem passa por isso.
     E agora, estou aqui, com um chaveiro nas mãos. Olho para dentro de mim e começo, pouco a pouco, a fechar algumas portas. Ato doloroso, porém necessário.
     Necessário para evitar a frustração da espera por alguém que não vai entrar por essa ou aquela porta.
     Necessário para não ver o que se passa do outro lado, numa realidade que você desejava que fosse diferente.
     Necessário para deixar para trás o que já passou e só te traz lembranças recheadas de dor.
     Necessário para que novas portas se abram e com elas,a esperança de dias melhores e boas surpresas.
     Necessário para viver o presente e tentar ser feliz.

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