E num belo dia, ele se levanta e diz: "Estou curado"!
Apronta-se, veste sua roupa de autoconfiança e vai encarar o mundo que ficou esquecido durante o fenômeno "La Depresión". "Foram tempos difíceis", relembra... Ficou meses trancado em sua casa, na cidade Soledad, o lugar mais devastado pelo furação. Foram dias, meses... anos?... A noção do tempo se perdeu juntamente com suas memórias... Pelo menos, era assim que pensava.
Depois de, finalmente, encontrar algo adequado para usar, ele encontra-se à porta de sua casa, pronto para encarar o mundo que o espera. Hesitante, pensa se vale a pena realmente sair... Afinal, passara tanto tempo ali sozinho, sem ninguém... Estava até "confortável" viver aquela rotina... Sacudiu a cabeça, como quem quisesse espantar um inseto voador, e abriu a porta de uma vez. Seus olhos não superaram a claridade, já estavam acostumados à escassez de luz. Precisou usar óculos escuros para se adequar lentamente. O cenário que encontrou era espantosamente diferente do que imaginava. Curiosamente, "La Depresión" só havia atingido sua casa! Obviamente, alguns lugares mostravam sinais de mudança, de desarrumação natural, mas nada comparado ao que imaginava. Incrivelmente, a vida continuou enquanto ele permaneceu trancado em sua casa.
E, enquanto caminhava por aquele mundo novo que encontrara, tentava organizar mentalmente uma nova rotina, um novo modo de encarar a realidade. Caminhava, pensava... caminhava mais um pouco, sem rumo, sem destino, até que se deparou com um cenário bastante conhecido. Era uma praça que costumava frequentar e passar algumas tardes para admirar o pôr do sol. Sua mente foi inundada por ondas e mais ondas de lembranças, palavras, sorrisos, carinhos... e havia aquela árvore. Sim, ela ainda estava lá! As iniciais gravadas permaneciam ali! Instintivamente, como quem toca uma ferida, levou a mão à inscrição no tronco daquela nogueira... E o que eram ondas de lembranças transformaram -se em lágrimas e tsunamis de emoções.
Ele correu. Virou as costas a tudo que aquele lugar representava e correu o mais rápido que pôde. Tudo que queria era voltar para sua casa, para seu mundo, para dentro de si e esperar... Não sabia exatamente pelo quê esperar, mas sabia que o tempo traria a cura de que precisava. Por quanto tempo? Também não sabia dizer... A única coisa de que tinha certeza agora era da dor que dilacerava seu peito e que não havia remédio para aliviar essa dor.
Finalmente em sua casa, volta à velha sala e ao seu sofá já desgastado pelo uso excessivo. Mais algumas estações até estar novamente curado... Ou não.
Agora, cabe ao tempo, sábio tempo, fazer o seu trabalho...
terça-feira, 25 de março de 2014
Depois do furacão
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário