quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Setembrando...

     Li uma frase interessante hoje de uma psicóloga chamada Ita Portugal. Dizia o seguinte:

"Eu já janeirei, feverei e até agostei com todos os ventos que eles me trouxeram.
Agora vou setembrar, de preferência primaverando, que é para desabrochar o que plantei no restante dos meses".

     No primeiro momento, achei engraçada a forma como ela brincou com as palavras. Depois, acreditem, comecei a conjugar esses "verbos", pensando em como estava sendo tão "tia Claudiane"! Por último, passei a refletir no significado de cada palavra, e em todo o significado aplicado à minha vida.
      Foi como fazer uma retrospetiva, voltar ao início do ano, mais especificamente ao 16° dia desse mês. Mesmo estando em pleno verão, um inesperado inverno invadiu minha vida. Era o início de tempos muito difíceis... Uma estação particular, que invernava dentro de mim, tornava minhas noites longas e os dias cada vez mais curtos. Que traziam um frio na alma que cobertor algum podia aquecer. Tempos de muito choro e desespero, de céu de bronze e de voz sufocada.
      E passou... esse inverno passou. Alguns dias, podia ver os raios de sol timidamente rompendo a espessa cortina acinzentada do céu, trazendo um raio de esperança com eles. Consegui sorrir algumas vezes, mesmo com o coração apertado. Mas, sobretudo, eu plantei. Mesmo sem ver o resultado da colheita, ou mesmo sem saber o que exatamente estava plantando, eu plantei. Na verdade, nem sabia que estava plantando alguma coisa. Mas a semeadura acontecia inconscientemente, independente da minha vontade. Sementes caprichosamente escolhidas e escadas por Deus. Uma oração, um louvor, um sorriso inesperado, um abraço... quantas outras eu poderia enumerar? Sinceramente, eu não sei. "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", já diziam os "Grandes Pensadores Facebookianos". A Bíblia já falava sobre isso em Gálatas 6:7.
      Agora, passado esse longo inverno, chegou Setembro, e com ele, a Primavera. Tempo de ver florescer e desabrochar o resultado da semeadura. Já posso ver muitas das minhas sementes desabrochando, mas as principais e mais importantes sementes foram plantadas dentro de mim. Houve um semear interior, sementes lançadas por Deus, sementes que eu não tenho ideia do que podem gerar. Sou surpreendida, às vezes, com essas mudanças. Às vezes sinto que algo está se movendo dentro de mim, uma inquietação estranha por algo que está para acontecer. Talvez sejam as sementes se preparando para eclodir, agitando-se num burburinho particular, cada uma querendo saber o que terão pela frente, ou em quê se transformarão após o desabrochar...
      Essa inquietação, que tenho agora ilustrar, me traz a expectativa de algo grande e totalmente maravilhoso. Afinal, o que se esperar de sementes plantadas pelo próprio Semeador Celestial? E, além dessa expectativa e dessa ansiedade, vem a esperança de que dias melhores sempre vêm. Mesmo se a tempestade vier, se o véu de fechar sobre nossas cabeças, mesmo se a morte tirar de nós quem mais amamos... Duas melhores sempre vêm. Nossas lágrimas derramadas, que muitas vezes resgaram essas sementes, se transformarão em alegria na hora da colheita.
     Deus tem uma Primavera especial preparada para cada um de nós. Precisamos esperar o tempo certo para ela, mas não devemos esquecer que, a tempo ou fora de tempo, estamos semeando. Nosso dever é escolher bem as sementes que lançaremos, porque as sementes do Bom Semeador já têm 100% de qualidade garantida.
     Vamos setembrar primaverando?

2 comentários:

  1. Minha escritora favorita!
    Amei seu texto.
    Saudades...

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  2. Minha escritora favorita!
    Amei seu texto.
    Saudades...

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