Desde criança, todos percebiam que ele era diferente. Embora ninguém falasse de maneira audível, podi-se ouvir no silêncio dos olhares palavras que lhe feriam a alma. Aquele menino não era "normal".
Ao olhar-se no espelho, ele também não entendia o porquê de ser assim. Fisicamente, apesar do corpo frágil, era saudável, podia correr, brincar ou fazer bagunça como qualquer criança, mas ele preferia a reclusão. Sentava-se no chão de qualquer lugar onde ninguém pudesse vê-lo e, ora desenhava, ora escrevia... Ou apenas ficava ali, absorto em seus pensamentos. Se alguém se aproximasse, era fácil esboçar um sorriso maroto, tentando convencer a quem quer que fosse que estava ali apenas porque havia aprontado alguma queria se esconder. Mas aquele olhar...
O tempo passou, o menino cresceu. Passou pela turbulenta fase da adolescência aparentemente imune ou ileso. Concluiu seus estudos, começou a trabalhar, namorou um pouco e até demonstrou algum talento artístico que poderia ser melhor aproveitado, mas não o desenvolveu. Aparentemente, era uma pessoa "normal". Um pouco tímido e careta, mas "normal".
Ao chegar a casa, todos os dias, religiosamente, sentava-se no chão da cozinha por alguns minutos. Ali, sozinho, repassava mentalmente todos os fatos do dia, tentava imaginar atitudes diferentes, até balbuciava coisas que gostaria de ter dito, mas que não o fez. No fundo, sua maior vontade era dormir e não acordar. Ou acordar e perceber que toda a vida que vivera até aquele momento não havia passado de um "sonho". Procurava encontrar em algum momento da sua vida o ponto onde ele se perdera.
Após aqueles intermináveis momentos, buscava algo para comer, preparava-se para dormir e descansar um pouco, enfim. Mas, olhando sua imagem no espelho, não podia deixar de notar que o tempo havia passado. Os sulcos em seu rosto indicavam trabalho intenso, afinal, as marcas do tempo se intensificam com o trabalho árduo. Agora, ele usava óculos... É, o tempo deixa marcas... Mas algo não havia mudado: aquele olhar... O que causava aquela sombra? O que havia por trás daquele olhar?
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Quero ser
"O que você quer (vai) ser quando crescer"?
Quem nunca ouviu essa pergunta ou até mesmo já fez a algum pequenino? De vez em quando, algum menino prodígio responde "Quero ser grande, ué?". Diante dessas respostas, percebemos que as crianças são felizes... Lembra das vacas? Não chegam a serem as vacas de Nietszche (aliás, este gerou tanta polêmica...), mas são felizes. Me lembro bem que eu sempre quis ser professora. Brincava de dar aulas para meu irmão, para minha prima Alessandra e, claro, para minhas poucas e esquisitas bonecas. Se eu soubesse que seria tudo diferente como professora de verdade...
Crescer implica muitas mudanças e decisões. Acredito que o "crescer" vai além da idade, da altura ou das responsabilidades implícitas na "maioridade". Conheço crianças-adultas, que têm tanta coisa para se preocupar que mal sabem o que é ser criança. Assim como conheço adultos que tem atitudes tão infantis que só lhes falta a chupeta! Uma amiga vive dizendo que sou infantil. Ok, ok... Estou me expondo demais, já sei! São tantos os predicados que ela me atribui que fico até tonta! Talvez eu tenha a Síndrome de Peter Pan, quem sabe? Talvez precise de tratamento... Ou de chupeta, mesmo!
Mas agora, olhando para trás e comparando com
o que vejo hoje, sinto que sou a mesma menina que brincava de ser professora. Algumas marcas denunciam que o tempo passou: são as marcas da mudança. Mas algumas delas, talvez as mais importantes, estão invisíveis aos seus olhos, até aos meus. Hoje, eu não brinco de ser professora, descobri que nasci com esta missão e adoro ensinar. Não estou mais escrevendo no muro com um pedaço de tijolo ou carvão, mas escrevo com minhas atitudes palavras que ficarão gravadas na vida de cada criança ou adolescente que passa pela minha vida. Quero brincar de pique, correr do mal e me esconder nos braços de Deus. Ali, debaixo da Sua proteção, nada mais importa. Quero acreditar que tudo vai mudar, que no final, tudo vai dar certo. Quero ser uma criança dependente de Deus, do seu Pai, não quero soltar Sua mão!
Quero ser feliz!
Quem nunca ouviu essa pergunta ou até mesmo já fez a algum pequenino? De vez em quando, algum menino prodígio responde "Quero ser grande, ué?". Diante dessas respostas, percebemos que as crianças são felizes... Lembra das vacas? Não chegam a serem as vacas de Nietszche (aliás, este gerou tanta polêmica...), mas são felizes. Me lembro bem que eu sempre quis ser professora. Brincava de dar aulas para meu irmão, para minha prima Alessandra e, claro, para minhas poucas e esquisitas bonecas. Se eu soubesse que seria tudo diferente como professora de verdade...
Crescer implica muitas mudanças e decisões. Acredito que o "crescer" vai além da idade, da altura ou das responsabilidades implícitas na "maioridade". Conheço crianças-adultas, que têm tanta coisa para se preocupar que mal sabem o que é ser criança. Assim como conheço adultos que tem atitudes tão infantis que só lhes falta a chupeta! Uma amiga vive dizendo que sou infantil. Ok, ok... Estou me expondo demais, já sei! São tantos os predicados que ela me atribui que fico até tonta! Talvez eu tenha a Síndrome de Peter Pan, quem sabe? Talvez precise de tratamento... Ou de chupeta, mesmo!
Mas agora, olhando para trás e comparando com
o que vejo hoje, sinto que sou a mesma menina que brincava de ser professora. Algumas marcas denunciam que o tempo passou: são as marcas da mudança. Mas algumas delas, talvez as mais importantes, estão invisíveis aos seus olhos, até aos meus. Hoje, eu não brinco de ser professora, descobri que nasci com esta missão e adoro ensinar. Não estou mais escrevendo no muro com um pedaço de tijolo ou carvão, mas escrevo com minhas atitudes palavras que ficarão gravadas na vida de cada criança ou adolescente que passa pela minha vida. Quero brincar de pique, correr do mal e me esconder nos braços de Deus. Ali, debaixo da Sua proteção, nada mais importa. Quero acreditar que tudo vai mudar, que no final, tudo vai dar certo. Quero ser uma criança dependente de Deus, do seu Pai, não quero soltar Sua mão!Quero ser feliz!
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Qual é o segredo da felicidade?
Já dizia Nietzsche: "felizes as vacas que não se preocupam com passado nem futuro". Esse pensamento ficou ecoando na minha mente desde que participei de um Seminário de Filosofia promovido pela Faculdade . Nietzsche escreveu que a maior diferença entre a vaca e o homem é que a vaca sabia como existir, simplesmente porque as vacas vivem livres das angústias, dos medos; aprenderam a viver o presente sem o peso do passado e sem a preocupação com o futuro. Infelizmente, nós, seres humanos racionais até demais, nos deixamos atormentar pelos fantasmas do passado e pelo futuro incerto que se aproxima cada vez mais rápido, enquanto deixamos de viver o presente . Quando percebemos, esse presente já se tornou passado, e a frustração de não tê-lo vivido só nos torna mais infelizes.
É conflitante vivermos presos às lembranças. Por vezes, elas nos trazem um sentimento nostálgico de uma felicidade própria da infância, outras vezes, nos machucam tanto ao ponto de sentirmos a mesma dor que experimentamos outrora. Por esse motivo sentimos tantas saudades da infância, a nossa única preocupação era "do que vamos brincar agora?". Hoje, falamos isso aos nossos filhos, (alunos, sobrinhos, etc), quase como um 11º mandamento: "Aproveitem sua infância para que se prolonguem os dias de felicidade!". Eles ainda não sabem o que os espera no futuro, mas NO FUTURO recordarão dessas palavras e as pronunciarão com a mesma veemência com que lhes foram faladas.
E para nós, adultos infelizes, quais seriam as palavras mágicas, o mandamento a seguir? "Voltem a ser como crianças! Aprendam a viver o presente para que seu passado só lhe traga motivos para sorrir. Quanto ao futuro... Ele acabou de chegar!"
É conflitante vivermos presos às lembranças. Por vezes, elas nos trazem um sentimento nostálgico de uma felicidade própria da infância, outras vezes, nos machucam tanto ao ponto de sentirmos a mesma dor que experimentamos outrora. Por esse motivo sentimos tantas saudades da infância, a nossa única preocupação era "do que vamos brincar agora?". Hoje, falamos isso aos nossos filhos, (alunos, sobrinhos, etc), quase como um 11º mandamento: "Aproveitem sua infância para que se prolonguem os dias de felicidade!". Eles ainda não sabem o que os espera no futuro, mas NO FUTURO recordarão dessas palavras e as pronunciarão com a mesma veemência com que lhes foram faladas.
E para nós, adultos infelizes, quais seriam as palavras mágicas, o mandamento a seguir? "Voltem a ser como crianças! Aprendam a viver o presente para que seu passado só lhe traga motivos para sorrir. Quanto ao futuro... Ele acabou de chegar!"
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Lembranças ( II )
Nos últimos dias eu lembrei muito da minha avó. Ela faleceu há doi anos, mas parece que foi ontem... Até hoje, ao escutar os passos de alguém na varanda de casa, penso nela, em como ela vinha de mansinho ficar comigo no sofá enquanto eu almoçava antes de sair para o trabalho. Se escuto um forró, se vejo os pardais brigando com as rolinhas no quintal ou sinto cheirinho de café, é a imagem dela que vem à mente. Que saudades de vovó...
Nossa mente é um grande arquivo, cheio de fichas, anotações, relatórios, fotos e fatos do passado. A cada dia acrescentamos mais e mais dados ao nosso arquivo. Não sei explicar porque, simplesmente, não consigo lembrar de tudo que me aconteceu em determinadas fase da minha vida. É esquisito... Faço força, queimo neurônios para lembrar daquela festa "inesquecível", por exemplo, mas é inútil. Por outro lado, coisas que não quero lembrar continuam a me assombrar. É inevitável, as lembranças vêm e eu não posso controlar. Procuro despistar minha mente, coanto uma música, começo a estudar, tocar violão... Às vezes funciona, mas na primeira distração, lá estão elas outra vez.
Será que um dia esse tormento terminará?
Nossa mente é um grande arquivo, cheio de fichas, anotações, relatórios, fotos e fatos do passado. A cada dia acrescentamos mais e mais dados ao nosso arquivo. Não sei explicar porque, simplesmente, não consigo lembrar de tudo que me aconteceu em determinadas fase da minha vida. É esquisito... Faço força, queimo neurônios para lembrar daquela festa "inesquecível", por exemplo, mas é inútil. Por outro lado, coisas que não quero lembrar continuam a me assombrar. É inevitável, as lembranças vêm e eu não posso controlar. Procuro despistar minha mente, coanto uma música, começo a estudar, tocar violão... Às vezes funciona, mas na primeira distração, lá estão elas outra vez.
Será que um dia esse tormento terminará?
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