"Mais uma noite daquelas... Mesmo após um dia cansativo, não conseguiu ignorar os gritos da sua alma e despertou às 3h e 45min, sem o mínimo resquício de sono. Assaltou a geladeira, tomou um banho morno, fez até um leite quente para tentar voltar a dormir e nada...
Todos os dias, sem exceção, despertava pela madrugada. Ainda não conseguia aceitar o fim daquele relacionamento tão lindo, aliás, o mais bonito do qual se teve notícias. Por que? Recorreu às antigas lembranças... havia poucas na sua caixa de recordações, desde os papéis de bala às cartas apaixonadas... Mas estavam lá. Se houvesse garantia de total esquecimento, queimaria todas elas. Todavia, isso não seria suficiente. O que fazer com as lembranças que estão guardadas na memória? As músicas? O cheiro do primeiro dia de primavera? O cheiro bom do seu cabelo? Seu perfume... Não era tão fácil assim.
E as horas foram passando, em meio às lembranças, chorou, sorriu, suspirou mas concluiu que,
'Simplesmente aconteceu
Não tem mais você e eu
No jardim dos sonhos
No primeiro raio de luar
Simplesmente amanheceu
Tudo volta a ser só eu
Nos espelhos
Nas paredes de qualquer lugar (...)'
A madrugada passou, o sol chegou anunciando um novo dia. Diante do espelho, com a barba por fazer e cheio de olheiras, optou por encarar o dia a ter que ficar em casa curtindo 'fossa'. Afinal, trabalhar o faria esquecer, ainda que por um momento, o vazio da sua alma.
Pelo menos até chegar a madrugada..."
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