quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Assim, como ninguém

     Definitivamente não dava mais pra continuar! Quem poderia entender que um escritor renomado como ele, de repente, perdeu sua inspiração? Mas foi exatamente o que aconteceu.
     Tudo começou numa primavera. Numa tarde linda de sol, ele se descobriu apaixonado por Rubi. Isso mesmo, "Rubi" era seu nome. Tão linda e rara como um verdadeiro rubi, aquela jovem de cabelos levemente avermelhados conseguiu invadir a alma do escritor, enchendo-o de uma alegria que há muito não sentia ou, quem sabe, jamais sentira. Mas lá estava ele: apaixonado, romântico, cheio de palavras, poesias e canções especialmente dedicadas a sua amada Rubi. Ela o encantava, seu sorriso - dizia - iluminava seu mundo! Sua voz, seu cheiro, sua risada eram únicos! Como era bom estar apaixonado!
     A mudança em sua vida era visível. Quem antes vivia isolado, absorto em seus próprios pensamentos, em seu próprio mundo, agora era uma pessoa "normal". Era feliz. Estava feliz. E essa felicidade durou a eternidade de cinco anos, até se encontrarem diante de um dilema. Alguém já havia encontrado a Rubi e ela já tinha dois pequenos frutos desse encontro. Rubi, embora compartilhando da alegria desse amor, se viu obrigada a abrir mão de tudo para preservar sua família. Ambos concordaram com isso, embora sofressem com a separação. E cada um seguiu seu próprio caminho.
     E onde eu entro nessa história? Bom, fui e sou a confidente deste grande escritor, que agora encontra-se inerte em um leito frio de um hospital. Está consciente, apesar de tudo, mas simplesmente emudeceu. Mas antes de se recolher no seu ostracismo, solicitou a minha presença e me entregou um CD e uma carta, onde dizia:
"Ninguém foi tão feliz como eu fui ao lado dela. Ninguém jamais viveu um amor como o nosso, nem jamais se ouviu nada parecido, nem em livros ou novelas e filmes. Ninguém jamais me conheceu tão profundamente como ela, e a ninguém me dei a conhecer da mesma forma que me revelei à Rubi. Ninguém jamais me inspirou como ela. Ninguém jamais acreditou em mim como ela. Ninguém foi tão marcante, inesquecível, vital e essencial na minha vida como ela. Mas agora, ela se foi, e com ela, a minha vida. O que me restou foi um enorme vazio em mim e as lembranças de uma vida que jamais voltarei a viver. Então, deixe-me ouvir as nossas músicas, incessantemente. Só preciso fechar meus olhos e lembrar do seu rosto, do seu sorriso... E quanto a você, meu amigo, deixo a missão de escrever esta linda história de amor. Por ser tão linda, precisa ser contada... Quem sabe eu não volte outra vez para revivê-la?"
     E foi assim, ouvindo suas músicas que ele se foi. Uma última lágrima rolou, seguido de um leve sorriso. Imediatamente, a porta se abre e ela entra apressada, já chorando. Mas era tarde.
     O que aconteceu ali e depois disso talvez eu escreva. Ou talvez deixe apenas os bons momentos e um "felizes para sempre" encerrando esta história. Mas, agora, só posso me recolher e agradecer as lições que aprendi com meu grande amigo e mestre Charles C. Bangalore.

Transcrito

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