E foi numa dessas "passagens" que Inocência conheceu Perfeito. Ela estava debruçada em sua janela quando viu Perfeito passar. A princípio, ela não esboçou nenhuma reação. Mas ele a notou, assim como notou uma tristeza em seu olhar e sentiu uma necessidade imensa de fazer aquela moça sorrir. Decidiu ficar.Perfeito pensou: "Se eu passar todos os dias em frente à sua janela, talvez eu faça amizade com aquela moça"... E assim fez. Todos os dias, pela manhã, Perfeito passava e a cumprimentava com um entusiasmado "Bom dia!", que era retribuído com um tímido sorriso. Perfeito era insistente... Em uma dessas manhãs, antes que a moça abrisse a janela, ele deixou-lhe uma flor e ficou à espreita, queria ver sua reação ao deparar-se com aquela surpresa. Quando Inocência abriu a janela e viu aquela flor, institivamente olhou para os lados em busca de quem pudesse ter deixado tão linda rosa em sua janela.
Inocência sorriu.
E nesse momento, enquanto Inocência cheirava a flor, Perfeito passou e a cumprimentou: "Bom dia, bela moça!", e qual não foi sua surpresa quando ela lhe disse o quanto estava feliz naquele dia.
Perfeito sorriu.
E a partir daquele momento ele percebeu que não poderia mais viver sem ver aquele sorriso.
Começaram a conversar, e todas as manhãs ele deixava uma flor em sua janela. Eram vasinhos coloridos repletos de flores que agora recebiam o cuidado de Inocência, e Perfeito sentia todo carinho em si próprio. Então, as conversas que se restringiam às manhãs, agora viraram conversas vespertinas: combinaram de ver o pôr-do-sol todas as tardes na colina que ficava na entrada da cidade.
Mas, como todos sabem, havia aquela estrada...

