domingo, 30 de setembro de 2012

A menina da janela (Parte 1)

     Numa cidade chamada Vida, coisas estranhas acontecem. Encontro e desencontros são muito comuns, situações que você daria como certas dão errado e vice-versa. Algumas casas construídas caem ou desaparecem sem nenhuma explicação. Assim como as pessoas: quando você menos espera "Puft!", desapareceram! Talvez essas coisas aconteçam porque Vida não é uma cidade onde se possa fixar moradia. Tudo isso porque há uma estrada muito movimentada chamada Destino, por onde é possível ver várias pessoas seguindo por ela. Umas passam muito rápido, outras nem tanto... Mas sempre tem alguém passando.
     E foi numa dessas "passagens" que Inocência conheceu Perfeito. Ela estava debruçada em sua janela quando viu Perfeito passar. A princípio, ela não esboçou nenhuma reação. Mas ele a notou, assim como notou uma tristeza em seu olhar e sentiu uma necessidade imensa de fazer aquela moça sorrir. Decidiu ficar.
     Perfeito pensou: "Se eu passar todos os dias em frente à sua janela, talvez eu faça amizade com aquela moça"... E assim fez. Todos os dias, pela manhã, Perfeito passava e a cumprimentava com um entusiasmado "Bom dia!", que era retribuído com um tímido sorriso. Perfeito era insistente... Em uma dessas manhãs, antes que a moça abrisse a janela, ele deixou-lhe uma flor e ficou à espreita, queria ver sua reação ao deparar-se com aquela surpresa. Quando Inocência abriu a janela e viu aquela flor, institivamente olhou para os lados em busca de quem pudesse ter deixado tão linda rosa em sua janela.
     Inocência sorriu.
     E nesse momento, enquanto Inocência cheirava a flor, Perfeito passou e a cumprimentou: "Bom dia, bela moça!", e qual não foi sua surpresa quando ela lhe disse o quanto estava feliz naquele dia.
     Perfeito sorriu.
     E a partir daquele momento ele percebeu que não poderia mais viver sem ver aquele sorriso.
     Começaram a conversar, e todas as manhãs ele deixava uma flor em sua janela. Eram vasinhos coloridos repletos de flores que agora recebiam o cuidado de Inocência, e Perfeito sentia todo carinho em si próprio. Então, as conversas que se restringiam às manhãs, agora viraram conversas vespertinas: combinaram de ver o pôr-do-sol todas as tardes na colina que ficava na entrada da cidade.
     Mas, como todos sabem, havia aquela estrada...

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