quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A menina da janela (Parte 2)

     Em pouco tempo, Perfeito e Inocência estavam cada vez mais próximos. Eram cartinhas e bilhetinhos, papéis de doces e todo tipo de "quinquilharia" que, de certa forma, os faziam lembrar-se um do outro. E, sem que Inocência percebesse, uma flor diferente estava crescendo em seu coração. Era regada a cada sorriso, palavra cheia de ternura que Perfeito lhe dizia, a cada abraço...
     Inocência estava apaixonada.
     Não havia um dia sequer que Perfeito deixava de lhe encher a alma de alegria. Enfim, encontrara alguém que preenchia todas as lacunas de sua alma. E, em todo esse tempo dedicado a Perfeito e entregando-se a esse carinho, Inocência nem se lembrava mais de nada, muito menos do estranho fato de alguém permanecer por tanto tempo em Vida.
     Perfeito era mesmo diferente... Conseguia reunir em si tantos predicados... Inocência, carinhosamente, o chamava de "amor"; outras vezes, "meu", ou "sonho", "príncipe" ou, simplesmente "perfeito". Quando ela o abraçava, costumava fazê-lo com muita força, força esta que até assustava Perfeito! Mas ela explicava: sua vontade era abraçá-lo de forma que seus corpos se fundissem, tornando um só corpo. Ele sorria e lhe beijava ternamente.
     Inocência não conseguia mais resistir: precisava entregar-se de corpo e alma a esse amor. E assim, numa tarde linda, após contemplarem a aurora, assim o fez.
     Agora eram um só.
     Por mais que tentasse descrever o que sentia, Inocência não conseguiria... Era só alegria e amor explodindo em seu peito. Agora estava certa de que havia encontrado o "amor da sua vida". Perfeito... O seu Amor Perfeito.
     As pessoas da cidade começavam a encher inocência de perguntas. Ela estava diferente, não tinha a mesma "carinha de menina", era uma mulher cheia de vida, exuberante, estava feliz. Passaram a notá-la por onde andasse. Mas isso não a incomodava. certa vez, em um livro de romance, Inocência leu que se deveria preservar o amor devido às pessoas invejosas e ávidas pela infelicidade alheia. Então, cada vez que lhe perguntavam a razão para tamanha alegria, ela simplesmente respondia: "Meus dias são perfeitos! Esse dia está perfeito! A vida é perfeita!". Ela temia que alguém soubesse a razão da sua alegria e tentasse destruí-la.
     Mas não foi preciso... A própria Vida encarregou-se disso.
     Havia aquela estrada...

Um comentário:

  1. Estou ansiosa pela continuação. Tô vendo que vai render um livro...

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