quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Vida-breve-vida

     No último domingo, fomos surpreendidos logo pela manhã com a triste notícia de um incêndio numa boate em Santa Maria. Durante todo o dia, em todos os telejornais, a notícia era sempre a mesma... Impossível não parar para refletir e sentir a dor dessas famílias que perderam seus bens mais preciosos. Filhos, jovens ainda, cheios de sonhos e vida, razão da vida de seus pais, agora se foram... "— Mas como é possível? Ontem eles estavam aqui, cantando, rindo, brincando, discutindo..."
     E o que é a vida? É o simples fato de respirar? A vida é o "estar vivo", tão somente? E o que é estar vivo?
     São muitas perguntas e inúmeras respostas... Dizem que Gonzaguinha fez essa pergunta a várias pessoas antes de compor o clássico "O que é, o que é?" Quem não conhece ou jamais cantarolou "Viver e não ter a vergonha de ser feliz..."? Nessa mesma canção podemos ver as respostas, mas não dá para escolher uma apenas. A vida é uma soma de momentos, de situações, de oportunidades, de altos e baixos. Mas chegamos ao seguinte ponto comum: a vida é breve. Se pensássemos nisso todos os dias, talvez aproveitássemos melhor as oportunidades, ou fizéssemos as escolhas com mais responsabilidade. O grande erro é crer que somos imortais, que acidentes e fatalidades só acontecem com os outros.
     Sinceramente, fiquei profundamente comovida com essa tragédia e com a forma terrível como se deu. Talvez pela juventude/vida presente em cada vítima, ou por me ver em cada uma delas, se é que me entendem. Vida e morte andam juntas, e a cada passo que damos, um abismo se coloca entre eles. Para morrer, basta estar vivo... Mas duvido que esses pais "vivam" depois desse dia 27/01/2013...

     "Faze com que saibamos como são breves os dias da nossa vida para que tenhamos um coração sábio". (Salmos 90.12)

C.C.B

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

É o que temos para hoje!

      Acordei enjoada hoje... Normalmente, não sou a pessoa mais bem humorada ao acordar, mas hoje acordei com um sentimento de desconforto na alma... Não aconteceu nada que desencadeasse essa reação, mas sabe quando um pensamento puxa o outro, algumas lembranças vêm, você começa a ter outra visão sobre o que se passou...? Então, foi isso. Ainda estou tentando achar o ponto, o click que me despertou para refletir sobre algumas coisas... Ainda não sei o que foi, acho que a essa altura, nem tem mais tanta importância...
     Lembro da minha infância, adolescência e de como fui apagada. Isso mesmo! Eu era aquele chuchu na sopa, não fazia muita diferença em lugar nenhum. Por incrível que pareça, essa era a visão que eu tinha naquele momento. Por ter uma visão absoluta de quem eu era, não conseguia ver o que se passava ao redor, as palavras de apoio que recebia, os incentivos, os elogios... Um exemplo? Sempre cantei. Nunca fui um fenômeno, mas cantava na igreja, em casa, nas competições da EBF (Escola Bíblica de Férias), no coro dos adolescentes. E o que eu pensava de mim? Não preciso nem dizer, né? Outras coisas, como desenhar, tocar violão, escrever, também eram prazerosas para mim, mas nunca me vi um grande nome em qualquer dessas atividades.
     Hoje fico observando as pessoas que precisas se autoafirmar o tempo todo, muitas vezes apoiando-se em outras pessoas, usando o sobrenome da família, um parentesco, etc? "Olá, prazer! Sou sobrinho de Fulano de Tal, o prefeito." É assim que algumas pessoas se apresentam. É como se não tivessem nada a oferecer além de um parentesco influente. Não sei como definir o que eu sinto quando vejo isso! Me dá náuseas!
     Por outro lado, é revoltante quando as pessoas te julgam por pertencer a esta ou aquela família, por andas que aqueles amigos ou conversar com aquele grupo, por frequentar esta igreja ou a igreja de fulano. Eu não sou minha família, nem minha igreja, nem meus amigos. Eu sou EU, com meus defeitos, com minhas falhas e qualidades, também. Se fosse assim, todo morador de comunidade seria um bandido. Ou todo morador de bairros nobres também é NOBRE. Ah, isso não é o que acontece, vamos concordar! As fofocas e intrigas surgem assim: falam de alguém pra você, e VOCÊ, baseado na família da pessoa (do seu histórico "pecaminoso", das histórias que já ouviu) acredita cegamente no que está ouvindo. Se um pastor foi acusado de roubo, todos os pastores são ladrões! E por aí vai...
     Sou assim, cheia de defeitos. Não gosto de receber elogios, fico incomodada com eles. Não é "falsa modéstia", porque acredito que toda modéstia é falsa. Conheço minhas virtudes e meus defeitos, não sou santa, muito menos perfeitinha. Brinco e aceito brincadeiras, desde que seus limites sejam respeitados. Amo minha família, meus amigos, meus gatos... Ainda gosto de cantar, embora saiba que não sou "The Voice" de lugar nenhum, mas canto melhor que um bodado de "ídolos". Tenho medo de aranha, mas mato cobra e ratos, até barata! Estou sozinha, mas não desesperada. Meu momento não me permite muitas aventura, meu foco é outro. Abomino essas piadinhas em relação à vida sentimental de qualquer pessoa: ninguém sabe o que se passa no coração do outro. Poderia falar muito mais a respeito de mim, mas não o farei. Se quer saber quem sou, venha me conhecer.
     É o que temos pra hoje.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A menina da janela (Parte 4)

     Os dias se passaram lentamente após receber a carta de Perfeito. Infelizmente o tempo não para. Inocência trancou-se em sua casa e em si mesma, não teve forças para levantar-se do chão, mal comia e bebia, não fosse a insistência de sua vizinha, Esperança.
     Acostumada a ver Inocência cuidando de suas flores todas as manhãs, Esperança estranhou a ausência da moça. Perguntou aos vizinhos se ela havia viajado. Foi até a saída da cidade para saber se havia passado por lá. A informação que recebeu foi a de que um moço muito bonito havia tomado a estrada e, pela descrição, Esperança soube que era Perfeito. Voltou até à casa de Inocência, chamou insistentemente por ela, e ouviu sua voz embargada dizendo que "estava bem". Obviamente, Esperança não acreditou. E tinha razões para não acreditar.
     Esperança era uma senhora muito "jovial". Estava sempre com um sorriso amável no rosto, não importava a situação: estava sempre sorrindo. Era considerada a conselheira da Vida, todos a procuravam quando estavam tristes e desesperados. Suas palavras sempre traziam alento aos que a procuravam. Esperança era sinônimo de conforto e amizade...
     Quando soube que Perfeito havia partido da cidade, Esperança lembrou-se de tantos casos parecidos que já presenciou... Sabia o que Inocência estava sentindo... Por isso, era necessário ter muita paciência e persistência para ajudar a pobre moça... E foi assim que conseguiu entrar e falar com Inocência. A pobrezinha, sentada em um canto do quarto, estava pálida, enfraquecida, os olhos inchados de tanto chorar. O que dizer num momento desses? Pela sua experiência, Esperança já sabia o que fazer: simplesmente sentou-se ao lado de Inocência e sem dizer uma só palavra, acolheu a menina em seus braços.
     Aos poucos, Esperança convencia Inocência a alimentar-se, a levantar-se do estado de prostração, a voltar a "viver"... Era um processo delicado e Esperança sabia muito bem. Sem forçá-la a nada, tentava mostrar que Vida continuava ali e que não parou apesar de Inocência ter se trancado em si. A doce Inocência ouvia suas palavras, sabia que Esperança tinha razão, mas não conseguia reagir... A desilusão e decepção foram grandes demais para seu frágil coração que manteve há tanto tempo preservado. Quando finalmente resolveu entregá-lo a alguém, este o destruiu completamente. E lidar com essa lembrança não era nada fácil.
     Numa dessas manhãs, Inocência teve uma surpresa: uma figura sorridente entrava pela porta do seu quarto, cantando e dançando. Que cheiro era aquele? Era tão familiar... Era ela, Esperança! "O que era aquilo em sua cabeça?", pensava Inocência e, como se houvesse lido seus pensamentos, Esperança lhe diz:

   "Veja essa coroa de flores, Inocência! Você não as reconhece? São as suas flores!
     Cuidei delas enquanto você estava aqui... Veja! Elas floresceram! Venha! É Primavera!"

     E continuou a dançando e cantando.
     Inocência sorriu...
     Algo começou a mudar...