domingo, 16 de novembro de 2014

Com meus botões

     Nos últimos meses, inevitavelmente, passei a assumir uma postura mais introspectiva, trazendo à minha realidade uma reflexão crítica sobre a vida.
     Não que essa postura seja totalmente clara para a maioria das pessoas que convivem comigo. São reflexões feitas e discutidas à moda antiga, com meus botões, com o silêncio gritante das noites vazias de insônia. São reflexões sobre como é breve a vida humana em sua essência terrena. Às vezes, vive-se muitos anos, mas na realidade, os anos de vida foram muito poucos. Outros vivem por tão pouco tempo, mas continuam vivos na memória de muita gente, nas atitudes e palavras que ecoam, batem e rebatem nos paredões invisíveis da vida. Como é difícil resumir a vida de alguém...
     Me dei conta, portanto, de quanto tempo perdi nesses trinta e poucos anos. Caminhos errados, atalhos na estrada que pareciam me levar mais rápido ao caminho pretendido, mas que acabaram atrasando minha jornada... Os pés cansados querem parar; o coração ansioso tente a insistir na viagem; a razão diz que é melhor voltar e traçar novos itinerários... É uma luta constante, entre a vontade de parar e a necessidade de seguir em frente.
     Nesse momento, enquanto escrevo, meu botões gritam coisas nos meus ouvidos. Eles não são tão educados como eu gostaria que fossem... falam todos ao mesmo tempo e nunca conseguem chegar a uma conclusão. A vontade de parar é muito grande, confesso. Há muita coisa envolvida nessa caminhada, há muitos desafios a encarar e muitos caminhos pedregosos pela frente. Meus pés já estão cansados. Meu coração não está tão ansioso assim, bate fraco e igualmente cansado. Minha razão parece ser a única voz coerente, mas está tão sufocada pelas intempéries da caminhada que quase não a escuto.
     Coisas que faziam sentido antes, agora não fazem mais. Com quem vou falar? Com quem vou discutir? Como faço para organizar essa tempestade cerebral? Preciso de um norte, de um ponto de equilíbrio, de algo em que posso me segurar até esse meu mundo parar de girar. Sinto falta dela, do seu silêncio que dizia tanto, que me acalentava. Sinto falta da minha vida quando ela estava comigo...
     Sei que nada parece coerente aqui. Nem estou me preocupando com todas as regras de redação, produção de texto, coerência... Só quero tentar aliviar a pressão dessa "caldeira" antes que exploda de uma vez. Se isso acontecer, os danos podem ser irreversíveis...
     E como nada mais faz sentido neste momento, deixe eu voltar às discussões com meus amigos botões.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Deus te livre de ser como eu!

     Qual é a sua essência?
     Olhe para si mesmo, naquele espelho moral que todos trazemos intimamente e veja que imagem está refletida ali.
     Não é o que você gostaria de ser, ou ainda o que pensa que é. Quem é você, realmente? De que é formado? Qual é o retrato do seu caráter?
     Estranho pensar nisso. Para nós, e isso é fato, a imagem que temos é de quem gostaríamos de ser. Errado pensar assim? Óbvio que não! O problema é pensar que somos uma coisa, quando tentamos, na verdade, mascarar quem realmente somos. E a razão é simples: somos maus e não gostamos de admitir isso.
     Minha natureza já foi corrompida pelo pecado, portanto, sou essencialmente má. Quando me vejo neste espelho especial, vejo meu egoísmo, minha maldade, a indiferença com a dor do próximo, meu desejo de pagar o mal com a mesma moeda, minha tendência a julgar e apontar o erro do outro... A lista é interminável. Infelizmente, não dá para negar que nascemos com essa natureza humana e pecaminosa. Por isso, Deus te livre de ser como eu!
     Seria um caso encerrado se não fosse por um PEQUENO detalhe... O clichê religioso é realmente mais que um jargão qualquer: Jesus é carpinteiro por excelência e pode consertar qualquer "pau que nasce torto". Ele nos dá um exemplo de como subjugar essa natureza  a fim de sermos mais parecidos com quem nós gostaríamos de ser: homens e mulheres bons. Simples assim! Queremos ser bons, queremos que as pessoas nos admirem, que gostem da nossa companhia... Isso porque também queremos encontrar e estar perto de pessoas assim, pessoas que  gostaríamos de ser.
     Olhando para nós, realmente é difícil ser alguém admirável. Deus conhece nosso interior como ninguém, até melhor que nós mesmos, porque Ele sonda as intenções do nosso coração. O Sermão da Montanha é um bom manual de vida para quem deseja ser como Jesus. Aliás, desde a Lei, temos um conjunto de regras a seguir. Jesus, porém, foi além das atitudes politicamente corretas. Ele resume toda a Lei em uma só palavra: amor. O amor a Deus, sobre todas as coisas, e o amor ao próximo, da mesma forma como nos amamos. Não dá para fazer uma coisa e virar as costas para a outra. Não podemos amar somente a Deus e esquecer do nosso próximo. O "homem natural" que habita em nós de repente faria isso. Mas como é possível amar a quem não vemos e desprezar àquele a quem vemos?
     Já passou da hora de trocarmos nossa lente e começarmos a olhar através da ótica divina. Deixar de achar que somos algo que não somos. Deixar de lado as máscaras que usamos para esconder nossa fraqueza e admitir que nada somos sem Ele. Deixar de nos conformar com quem nós somos e não tentar ser pessoas melhores a cada dia. A grande evolução humana não está na teoria da evolução das espécies, mas está na evolução do caráter. Ser melhores hoje do que fomos ontem. Evoluir, neste sentido, é produzir o fruto do Espírito.
     Ainda não sou quem gostaria de ser, admito. Mas estou tentando... não vou acertar em todas as tentativas, mas não vou parar de tentar me aproximar da imagem que espero ver e de me tornar a pessoa que Deus espera que eu seja.
     Admitir quem realmente somos já é o primeiro passo para a mudança. Permanecendo nessa caminhada, com a ajuda de Deus e com muita força de vontade, chegaremos mais perto da imagem que queremos ver refletida em nosso espelho. Teremos, enfim, o caráter de Cristo.
     Que o Senhor nos abençoe.

     "Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor". II Co 3.18


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Setembrando...

     Li uma frase interessante hoje de uma psicóloga chamada Ita Portugal. Dizia o seguinte:

"Eu já janeirei, feverei e até agostei com todos os ventos que eles me trouxeram.
Agora vou setembrar, de preferência primaverando, que é para desabrochar o que plantei no restante dos meses".

     No primeiro momento, achei engraçada a forma como ela brincou com as palavras. Depois, acreditem, comecei a conjugar esses "verbos", pensando em como estava sendo tão "tia Claudiane"! Por último, passei a refletir no significado de cada palavra, e em todo o significado aplicado à minha vida.
      Foi como fazer uma retrospetiva, voltar ao início do ano, mais especificamente ao 16° dia desse mês. Mesmo estando em pleno verão, um inesperado inverno invadiu minha vida. Era o início de tempos muito difíceis... Uma estação particular, que invernava dentro de mim, tornava minhas noites longas e os dias cada vez mais curtos. Que traziam um frio na alma que cobertor algum podia aquecer. Tempos de muito choro e desespero, de céu de bronze e de voz sufocada.
      E passou... esse inverno passou. Alguns dias, podia ver os raios de sol timidamente rompendo a espessa cortina acinzentada do céu, trazendo um raio de esperança com eles. Consegui sorrir algumas vezes, mesmo com o coração apertado. Mas, sobretudo, eu plantei. Mesmo sem ver o resultado da colheita, ou mesmo sem saber o que exatamente estava plantando, eu plantei. Na verdade, nem sabia que estava plantando alguma coisa. Mas a semeadura acontecia inconscientemente, independente da minha vontade. Sementes caprichosamente escolhidas e escadas por Deus. Uma oração, um louvor, um sorriso inesperado, um abraço... quantas outras eu poderia enumerar? Sinceramente, eu não sei. "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", já diziam os "Grandes Pensadores Facebookianos". A Bíblia já falava sobre isso em Gálatas 6:7.
      Agora, passado esse longo inverno, chegou Setembro, e com ele, a Primavera. Tempo de ver florescer e desabrochar o resultado da semeadura. Já posso ver muitas das minhas sementes desabrochando, mas as principais e mais importantes sementes foram plantadas dentro de mim. Houve um semear interior, sementes lançadas por Deus, sementes que eu não tenho ideia do que podem gerar. Sou surpreendida, às vezes, com essas mudanças. Às vezes sinto que algo está se movendo dentro de mim, uma inquietação estranha por algo que está para acontecer. Talvez sejam as sementes se preparando para eclodir, agitando-se num burburinho particular, cada uma querendo saber o que terão pela frente, ou em quê se transformarão após o desabrochar...
      Essa inquietação, que tenho agora ilustrar, me traz a expectativa de algo grande e totalmente maravilhoso. Afinal, o que se esperar de sementes plantadas pelo próprio Semeador Celestial? E, além dessa expectativa e dessa ansiedade, vem a esperança de que dias melhores sempre vêm. Mesmo se a tempestade vier, se o véu de fechar sobre nossas cabeças, mesmo se a morte tirar de nós quem mais amamos... Duas melhores sempre vêm. Nossas lágrimas derramadas, que muitas vezes resgaram essas sementes, se transformarão em alegria na hora da colheita.
     Deus tem uma Primavera especial preparada para cada um de nós. Precisamos esperar o tempo certo para ela, mas não devemos esquecer que, a tempo ou fora de tempo, estamos semeando. Nosso dever é escolher bem as sementes que lançaremos, porque as sementes do Bom Semeador já têm 100% de qualidade garantida.
     Vamos setembrar primaverando?

sábado, 5 de julho de 2014

Depois do furacão

     Tantos planos traçados para 2014... Nunca poderia imaginar terminar o primeiro semestre desse jeito: uma lacuna enorme chamada Léa.
     Foram seis meses, desde o diagnóstico até o dia em que ela, minha mãe, "voltou pra casa". Só no mês de maio, foram duas internações. Em Junho, a última, literalmente. Ela foi forte até o último momento, mesmo quando dizia o contrário. Ah, mamãe... Sua "fraqueza" me ensinou que EU era mais forte que pensava, ao mesmo tempo em que me sentia fraca diante do seu choro. Como você me ensinou!
      Hoje, parece mentira que tudo aconteceu. Às vezes me pego tomando o caminho do hospital, como se estivesse indo vê-la. Às vezes tenho a impressão de que ela ainda está lá, que é uma questão de tempo para que receba alta e volte pra minha casa, pra que eu cuide dela. Não demora muito e a sensação de vazio chega. Vou para o seu quarto e não a encontro. Não tenho mais suas roupas aqui, nem seu cheirinho, nem seu riso solto, contagiante, nem o afago gostoso em minha cabeça... O furacão passou e levou minha mãe com ele.
     E como acontece em lugares devastados por furacões, é preciso recomeçar. Eu, em particular, preciso sair dos escombros e me erguer, apesar das feridas, da dor, do medo... É preciso sacudir a poeira, recolher o que restou da força que tinha e seguir.  É um novo ciclo, uma nova etapa e, sem dúvida, um grande desafio.
     O que me espera na próxima curva da estrada? Eu não sei... e só saberei se tomar a decisão de sair do lugar. Um passo de cada vez, um dia após o outro... E assim, a caminhada, por si só, trata de mostrar as próximas lições de vida que tenho que aprender.
      Enquanto isso, vou caminhando... E você, Pretinha, não esqueça: vamos nos encontrar em breve... Me espera, que eu estou chegando.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Sobre idas e vindas

     Mais uma noite aqui, neste hospital... As horas não passam, o corpo, exausto, não consegue relaxar. Os sons do hospital assustam... De repente, ouvimos gritos pelo corredor. Uma filha chora a perda da sua mãe. Fui consolar a moça, sem saber exatamente o que falar... Na dúvida, um abraço sempre é o melhor discurso.
     Não fomos preparados para isso. A separação é dolorosa, a saudade corrói, o vazio é incomensurável. Só conhece essa dor aquele que já teve que enfrentá-lá.
     Mas tenho aprendido e repetido isso constantemente: a nossa tristeza não pode ser comparada à alegria daquele que vai para a eternidade. Nós, que somos salvos e conhecemos ao Deus Eterno, temos esta certeza. É "voltar pra casa", é gozar de uma vida plena, feliz, sem o sofrimento que encaramos aqui. Para Deus, pouco importa a forma como ele chama os seus: se é de repente, dormindo, num acidente, após dias num leito de hospital... Nós é que classificamos a morte numa escala de sofrimento. Mas Deus só quer mesmo receber este amado em seus braços.
     E, dessa forma, nos braços do Pai Eterno, que estão tantas pessoas queridas e especiais. Nenhum desses trocaria a alegria de estar no céu com a oportunidade de voltar e realizar os sonhos não concluídos.
     Jesus está voltando a todo instante. Volta para o vizinho, para o amigo da faculdade, para um ente querido... com estes, não temos mais com que nos preocupar. Precisamos, sim, escolher agora para onde queremos ir depois de partir.
     Eu já escolhi. "Vó, pode me esperar aí... daqui a pouco estaremos juntas"...

terça-feira, 25 de março de 2014

Depois do furacão

     E num belo dia, ele se levanta e diz: "Estou curado"!
     Apronta-se, veste sua roupa de autoconfiança e vai encarar o mundo que ficou esquecido durante o fenômeno "La Depresión". "Foram tempos difíceis", relembra... Ficou meses trancado em sua casa, na cidade Soledad, o lugar mais devastado pelo furação. Foram dias, meses... anos?... A noção do tempo se perdeu juntamente com suas memórias... Pelo menos, era assim que pensava.
     Depois de, finalmente, encontrar algo adequado para usar, ele encontra-se à porta de sua casa, pronto para encarar o mundo que o espera. Hesitante, pensa se vale a pena realmente sair... Afinal, passara tanto tempo ali sozinho, sem ninguém... Estava até "confortável" viver aquela rotina...  Sacudiu a cabeça, como quem quisesse espantar um inseto voador, e abriu a porta de uma vez. Seus olhos não superaram a claridade, já estavam acostumados à escassez de luz. Precisou usar óculos escuros para se adequar lentamente. O cenário que encontrou era espantosamente diferente do que imaginava. Curiosamente, "La Depresión" só havia atingido sua casa! Obviamente, alguns lugares mostravam sinais de mudança, de desarrumação natural, mas nada comparado ao que imaginava. Incrivelmente, a vida continuou enquanto ele permaneceu trancado em sua casa.
     E, enquanto caminhava por aquele mundo novo que encontrara, tentava organizar mentalmente uma nova rotina, um novo modo de encarar a realidade. Caminhava, pensava... caminhava mais um pouco, sem rumo, sem destino, até que se deparou com um cenário bastante conhecido. Era uma praça que costumava frequentar e passar algumas tardes para admirar o pôr do sol. Sua mente foi inundada por ondas e mais ondas de lembranças, palavras, sorrisos, carinhos... e havia aquela árvore. Sim, ela ainda estava lá! As iniciais gravadas permaneciam ali! Instintivamente, como quem toca uma ferida, levou a mão à inscrição no tronco daquela nogueira... E o que eram ondas de lembranças transformaram -se em lágrimas e tsunamis de emoções.
     Ele correu. Virou as costas a tudo que aquele lugar representava e correu o mais rápido que pôde. Tudo que queria era voltar para sua casa, para seu mundo, para dentro de si e esperar... Não sabia exatamente pelo quê esperar, mas sabia que o tempo traria a cura de que precisava. Por quanto tempo? Também não sabia dizer... A única coisa de que tinha certeza agora era da dor que dilacerava seu peito e que não havia remédio para aliviar essa dor.
     Finalmente em sua casa, volta à velha sala e ao seu sofá já desgastado pelo uso excessivo. Mais algumas estações até estar novamente curado... Ou não.
     Agora, cabe ao tempo, sábio tempo, fazer o seu trabalho...

terça-feira, 4 de março de 2014

Na gaveta

     Iniciamos oficialmente o ano de 2014. Hoje é feriado de carnaval e, como no Brasil as coisas são assim, o ano começa agora.
     Mas não sou desse tipo... Meu 2014 começou "bombando" logo de cara. Mal tive tempo para respirar! Fiz dezenas de planos, todos muito bem traçados, cronometrados, de forma que não ficariam acumulados, correndo o risco de abandonar um em detrimento do outro. Não contava com um "mas"...
     No começo de janeiro, recebemos a notícia do agravamento do quadro de saúde de minha mãe. Foi um choque, uma cratera que se abriu sob nossos pés. A partir desse 16 de janeiro, meu 2014 ficou para trás. Minha prioridade agora é o PRESENTE, é o viver agora com ela. Aqueles planos podem esperar... Guardei todos numa caixinha e guardei numa gaveta. Entreguei as chaves a Deus para que Ele guarde melhor em segurança tudo que sonhei. Talvez, quando for o tempo de abrir a gaveta, alguns desses sonhos tenham perdido o encanto, a "validade"... Talvez, encontre mais sonhos na gaveta... Não sei bem...
     Só sei que agora, meu maior sonho é poder presentear minha mãe com o melhor de mim, seja lá o que isso signifique. Só quero estar de pé, ser forte, ser capaz de fazê-la sorrir.
     2014 nem começou ainda...

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Meu amigo: o deserto

     Nossa caminhada aqui na terra não é fácil mesmo... Quem me dera poder escolher andar somente por estradas pavimentadas, livres de buracos, bem sinalizadas, indicando as curvas, os aclives e declives, as possíveis intempéries... Melhor soba se não houvesse nenhum infortúnio neste caminho!
     Mas, como nada é do jeito que queremos, cedo ou tarde temos que encarar alguns obstáculos durante a caminhada. E, como em uma longa viagem, alguns trechos são urbanos e outros não. Estou agora mesmo atravessando um trecho complicado, já conhecido de muita gente: o deserto. Ele mesmo... Com tudo que tenho direito: Sol, calor escaldante, sede, fome, frio, solidão, medo... Não é o primeiro que atravesso. Já passei por vários, uns por mais tempo que outros, mas, em todos, um fato: EU PASSEI.
     Durante a passagem pelo deserto, não entendemos muitas coisas. Algumas perguntas ficam sem respostas; às vezes, encontramos respostas para outras perguntas naturalmente, simplesmente porque as coisas passam a ter sentido para nós durante a caminhada. Engraçado como Deus usa as coisas simples para nos ensinar. O deserto pode parecer desesperador para muitos, mas Deus usa como uma escola. Não dá para passar "colando", essas lições são apreendidas na prática. E, como todo professor, na hora do teste, Ele fica em silêncio...
     Se o deserto fosse uma pessoa, talvez você fugiria dela, com quem foge daquele "fulano que só conta derrota". Talvez, você não o teria em sua rede social, se ele mandasse um convite, você o bloquearia. Acho que, se o deserto fosse uma pessoa, seria uma pessoa muito solitária. Mas agora, conhecendo o deserto como eu conheço, talvez o chamasse de amigo. Ele só é mal compreendido. Na verdade, tem muito mais coisas para nos ensinar do que realmente estamos dispostos a aprender.
     Então, ficamos assim, meu amigo Deserto. Você me ensina mais uma lição e prometo que vou aprender...
    

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Tempo... como passa...

     Outro dia, uma colega de serviço que acabei de conhecer, ficou surpresa quando soube minha idade. Simplesmente discutiu comigo, me chamou até de mentirosa, pois julgava que eu tivesse (pasmem!) ONZE anos a menos do que realmente tenho. Que mulher não agora ter sua idade diminuída?! Talvez por ser "compacta" (leia-se BAIXINHA), por estar sempre sorrindo, as pessoas me veem mais nova. Meu irmão caçula é mais velho que eu! Pelo menos, é no que algumas pessoas acreditam. Dizer que tenho menos idade é como sentir que o tempo parou, que não envelheci. Repito: que mulher não gostaria de ouvir isso?! Não sou exceção, pelo menos nesse caso...
     O tempo é um elemento do qual não sabemos muito... Contar as horas, os dias e anos não nos torna conhecedores do tempo, nem senhores dele. A única coisa que sabemos realmente sobre o tempo é que O TEMPO PASSA. E, atrelados à essa máxima, temos outras verdades: TEMOS POUCO TEMPO, O TEMPO É O MELHOR REMÉDIO, e a famosa TEMPO É DINHEIRO. E como é próspera a pessoa que sabe administrar seu tempo... E como nos sentimos ricamente importantes quando alguém cede um tempo para nós!
     Doar um pouco de tempo, atualmente, é uma prova de amor. O ativismo nos força a sermos "práticos". É mais fácil mandar um SMS, um e-mail do que conversar ao telefone ou pessoalmente. Dessa forma, evitamos imprevistos e pessoas inconvenientes que não sabem (ou não percebem) a hora de parar a conversa, mesmo após inúmeros "tchau's". E quanto mais tempo nos sobra, mais gastamos com coisas inúteis. Internet, jogos, chats, redes sociais e etc, têm tomado nossos preciosos minutos e, pior, têm nos afastado uns dos outros.  Às vezes, tentamos "despistar" nosso cérebro com a desculpa que estamos exercitando a mente. Balela!!! Estamos, na verdade, nos isolando em um mundo solitário, frio e deprimente, muitas vezes só percebemos tarde demais, quando o TEMPO traz as consequências da nossa falta de tempo com os outros. São amizades destruídas, casamentos desfeitos, filhos sem a presença dos pais, país que desconhecem seus próprios filhos...
     E o tempo passa... Bem aproveitado ou não, ele passa. Me olho no espelho e já identifico sinais que não estavam ali há dois ou três anos. Vejo marcas além das rugas, presentes em um olhar cansado, numa fadiga visível ms linhas de expressão, no sorriso cansado. Nem me lembro como era há onze anos... Mas é impossível voltar lá para saber como é ter aquela idade. O tempo, sabiamente, não permite brechas para que consigamos tal façanha, talvez por saber os danos que isso poderia causar à humanidade. Então, qual é o tempo que eu tenho? O ONTEM, o HOJE e o  AMANHÃ existem por pouquíssimo tempo. O HOJE, daqui a pouco vira ONTEM. O mesmo acontece com o AMANHÃ. Um deslocamento de um ponteiro muda o tempo, transformando passado, presente e futuro. E depois que o presente vira passado... Não há nada mais a ser fazer.
     Então, aproveitemos o JÁ! Ele é curto, um estalar de dedos e ele já deixa de existir. Precisamos negociar nosso tempo, investir essa riqueza em coisas que realmente nos farão ricos. E não há riqueza maior que gastar nosso tempo ao lado das pessoas que amamos... Porque o tempo passa, não sabemos por quanto tempo estaremos juntos.
     Porque o tempo passa, não podemos perder tempo. Tempo não é dinheiro... DOAR tempo é amar.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Crente CHAPEUZINHO

     Você conhece um "crente Chapeuzinho"?
     Na história tradicional, a mãe da Chapeuzinho dá uma "missão" à menina. Ela tinha um objetivo: chegar à casa da vovó, que está doente, e entregar-lhe uma cesta com bolo e vinho. Porém, essa tarefa aparentemente fácil, oferecia alguns riscos. Por causa disso, sua mãe foi enfática ao dizer: "...tome muito cuidado. Não converse com estranhos, não diga para onde vai, nem pare para nada. Vá pela estrada do rio, pois ouvi dizer que tem um lobo muito mau na estrada da floresta, devorando quem passa por lá". O resto da história, você já conhece.
     O que essa historinha infantil tem para nos ensinar? Como podemos associar nossa vida cristã à história? Simples...
     Todos nós temos um caminho a seguir. E durante a caminhada, muitas distrações podem aparecer, correto? Quem não gosta de viajar olhando a paisagem, apreciando a beleza? O problema é que as distrações servem para nos desviar do real objetivo, nos faz perder o foco e, pior, perder tempo. Em uma das versões desse conto, o lobo fala para a menina: "Escute Chapeuzinho, você já viu que lindas flores há nessa floresta? Por quê você não dá uma olhada? Você não está ouvindo os pássaros cantando? Você é muito séria, só caminha olhando para a frente. Veja quanta beleza há na floresta".  Que estratégia! Qualquer criança ficaria encantada com tantos atrativos... Pássaros, flores, animaizinhos fofinhos... E, enquanto ficava distraída, o lobo (que em algumas versões se apresenta como um "anjo da floresta") saía para colocar em prática seu plano de destruição.
     Em Efésios, o apóstolo Paulo nos dá uma série de instruções para "que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro". (Efésios 4:14) Os lobos estão espalhados, disfarçados de "ovelhas" e até de "anjos". Possuem um discurso apurado, rico em argumentos bíblicos, bastante convincentes. E, por mais que o Senhor nos oriente a analisar tudo à luz da Bíblia, muitos agem com CHAPEUZINHO e se deixam levar por qualquer conversa no caminho. É óbvio que as distrações são atraentes, mas extremamente perigosas. Nosso adversário não brinca de ser mau. Seu único objetivo é destruir nossa vida, e não vai medir esforços para conseguir isso.
     E o que dizer do "crente LOBO"? Não fugindo das características do personagem da história, é uma pessoa esperta, interesseira, de conversa fácil e fluente, estrategicamente travestido de "amigo", de "anjo". Infelizmente, nem sempre o identificamos de imediato. Ele se disfarça muito bem... Engana fácil, fácil àqueles que só olham a aparência e se dão por satisfeitos com isso. Mas, como nenhuma máscara foi feita para ser permanente e cedo ou tarde elas vão cair... Existe um meio de trazer à luz a verdadeira personalidade desse "anjo-lobo". Comece a questionar suas atitudes, à luz da Bíblia, claro. Fica um aviso: NÃO TENTE FAZER ISSO SE VOCÊ NÃO CONHECE A PALAVRA! Por isso, leia! Devore a Bíblia! Alimente-se e fortaleça seu espírito com a leitura diária da Palavra de Deus! Esta será a sua arma, a sua espada!
     Tapinhas nas costas, sorrisos e abraços nunca forma sinônimos de bom caráter. Políticos fazem isso o tempo todo. Muito menos "favores espirituais" (entenda como quiser). Não é uma questão de julgar a pessoa, mas suas atitudes. "Portanto, pelos seus frutos os conhecereis" (Mateus 7:20), não esqueçam!
     Chapeuzinho? Não... O que me espera é uma coroa de glória!

sábado, 18 de janeiro de 2014

A força que desconheço

     O que faz alguém "forte"? Ou melhor, o que determina a força de alguém? Quantos quilogramas consegue suportar? Quantos socos um boxeador suporta até cair? A medida dos bíceps de alguém ou seus músculos aparentes e cuidadosamente trabalhados?
     O que faz um animal forte? Poderíamos pesquisar qual é o animal mais forte do mundo e teríamos a enorme surpresa em descobrir que um besouro é este animal. Seria mais lógico imaginar que fosse o leão, um tubarão ou outro "ão" presente na natureza, mas... um besouro? Uma criatura tão frágil, tão pequena, até mesmo insignificante na natureza... Difícil de acreditar...
     E assim, entre nós, homens e mulheres, também costumamos classificar os fortes e fracos. Fazemos até piada de certas situações. O primeiro critério para a classificação está (novidade!) no exterior, na aparência. Temos um padrão de força determinado por músculos, recordes, massa corporal e etc. Ah, se tudo fosse isso... Cada "corpão" que encontramos poderíamos atribuir aos fortes e temidos animais citados anteriormente. Experimente chamar um homem desses de "leão". Aposto que de sentirá o macho alfa da academia... mas chame de besouro. Corra e não olhe para trás! É provável que esteja correndo atrás de você para mostrar ao "frango" quem é o "besouro". Mas sabendo da lisonjeira comparação... 
     Mas o que me surpreende nessa questão de força é que, graças a Deus, o que nos faz forte geralmente não é visível aos olhos humanos. Essa força que desconhecemos se manifesta em situações de tensão total. Está no peso do problema de um amigo, do seu filho, do seu cônjuge... dos seus pais... Está nos socos da vida que recebemos, mas percebemos de pé, cambaleando, às vezes, mas de pé! Essa força está em cada "leão" que você mata por dia, em cada gigante que você derruba, em cada oportunidade que temos de perdoar e pedir perdão. Está na renúncia àquilo que é contrário à vontade de Deus, está no fruto do Espírito, está nas mãos que se estendem para ajudar ao próximo, mesmo quando somos nós quem precisamos de ajuda. Essa força está nos joelhos dobrados em oração, está no louvor que sai como num sussurro, numa voz embargada. Está no sorriso molhado por lágrimas...
     Essa força que desconheço faz de qualquer "frango" um guerreiro, de cada "besouro" um gladiador. Essa força que desconheço eu descubro a cada dia, mais e mais forte, quando penso que não vou suportar, mas me vejo ainda em pé. Essa força que me move e se move em mim vem de uma fonte superior... Deus me sustenta em fé, Ele é minha fonte inesgotável, minha Rocha, meu alicerce. Vejo essa força manifestada em pessoas muito, mas muito especiais, como minha amada mãe. Todas as referências que tenho de alguém forte estão nela. E agora, essa mulher de fé tem um grande desafio a enfrentar. Mais um em sua vida, talvez o mais difícil. E, por incrível que pareça, ela está preocupada em ser forte! Acho que mamãe ainda não descobriu o quanto é forte... Talvez, ela desconheça tal força. Mas o que ela sempre me ensinou foi isso: confiar Naquele que é imutável, independente das circunstâncias. "Enfermo ou não, Deus continuará sendo Deus, e devemos adorá—lo", é o que ela sempre diz...
     Somente alguém realmente FORTE pode falar tal coisa...
     Ainda tenho muito que aprender com esse "besouro" chamado Léa...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Primeiro dia útil

E começamos, oficialmente, 2014. Hoje, segundo dia do mês, foi o primeiro dia útil do ano. Para alguns, útil; para outros, inutilizado...
     Comecei meu dia trabalhando. Apesar do enfado, não há nada melhor que ter um emprego e se sentir útil. Não que uma coisa esteja necessariamente atrelada à outra. Mas no meu caso, essa máxima é aplicável. Meu trabalho é cansativo, sim... esse cansaço é herança do Éden, não dá pra fugir dele. Porém, ter um trabalho é mais que assinar um livro de ponto. Encaro meu trabalho, em particular, como uma forma de adoração a Deus. Tudo que fizermos (v. 31), desde a menor tarefa, deve ser com objetivo de adorar ao Senhor. Aliás, tenho um campo missionário inexplorado diante de mim. Começando pelas crianças, depois os funcionários e as famílias representadas ali. Gritar religião? Arrotar santidade? Impor minhas convicções religiosas? Isso só espanta as pessoas do verdadeiro evangelho. Minha estratégia é VIVER Jesus, só isso.
     E no fim do dia, pontuando o que foi positivo, vi o Senhor me honrar através das palavras da minha vice diretora. Não preciso repetir o que foi dito, mas tenho guardado em meu coração tudo que ouvi. E a certeza que tenho é que EaD palavras ecoam eternamente no universo, não para me lembrar de algo que sou ou fiz, mas para que eu nunca esqueça que DELE, por ELE e PARA ELE são todas as coisas!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Feliz Eu Novo!

     Os fogos já cessaram, os abraços perderam a intensidade, ultrapassamos os limites de crédito no celular e esgotamos nossos SMS's. Bom, agora é hora de parar e pensar no que há para se comemorar...
     Sim, digo isso por um motivo simples: para termos um ANO NOVO, é preciso pensar além do calendário. Ano Novo temos a cada 31 de dezembro. Mas quantas vezes passamos anos e anos, e parece que não saímos do lugar? Por que tantos projetos inacabados? Por que tanta frustração? Por que tanta "mesmice"? O problema não está no calendário... Ele passa, o mundo gira e o relógio corre pra frente. Acompanhar as mudanças depende de nós. Não nos movemos no mesmo ritmo do universo. Temos, cada um, nosso próprio ritmo, nosso próprio relógio. Um ano novo de faz com dias novos, novas auroras, com nova visão. Quando lemos na Bíblia que alegria virá pela manhã, após uma noite de choro, não significa que a cada 24 horas, seus problemas serão resolvidos. Quem dera se fosse assim! Uma noite pode durar semanas, meses, até anos... Mas é certo que o novo dia há de chegar. Essa é nossa esperança!
     Então, ao invés de trocar o calendário, por que não mudar nossas atitudes, nosso comportamento, nossa visão frente às circunstâncias? Se fizermos isso todos os dias, com a mesma regularidade com que viramos a folha do calendário, teremos um EU novo. Dia após dia, revendo e pontuando nossas atitudes, consertando e aprimorando nosso comportamento, teremos não só uma ano novo, mas uma vida nova. Fácil? De forma alguma! Desafiador, isso sim. Mudar uma vida é algo muito complexo e difícil. Mas não custa tentar...
     Feliz EU NOVO em 2014!